Bem-vindos(as) ao mundo estranhamente viciante do J-Metal
Houve uma época em que certas bandas chamavam atenção por suas excentricidades, fossem elas derivadas de algum integrante "estranhamente" bom no que fazia, sendo um rebelde sem causa nas horas vagas, ou pelos modos mais indefinidos possíveis durante suas apresentações. Apostar em um visual diferente ou muito chamativo não era nenhuma novidade até a década de 80. No cenário do Hard Rock americano, isso fica mais evidente com nomes como Poison, Mötley Crüe e W.A.S.P. (só para citar alguns). Mas o fato é que, nas últimas três décadas, pouca coisa conseguiu chamar tanta atenção quanto naquela época, e é aqui que nossa jornada se inicia.
Capítulo 01 - Buscando uma identidade e consolidando o seu próprio estilo!
No início dos anos 60, era possível ver por toda a Ásia uma grande influência dos EUA e da Europa. Por conta disso, uma nova cena musical começou a surgir, onde bandas queriam mostrar seu valor. Assim, surgiu aquela que é considerada a primeira neste quesito, a Happy End, o primeiro grupo a cantar em japonês e levar para outras regiões a sua música regionalista, sendo um desafio, pois todos já apostavam no inglês como algo universal.
Seu álbum de estreia, autointitulado, foi lançado em agosto de 1970 pela gravadora experimental URC (Underground Record Club) e obteve um certo destaque, mostrando que podiam, sim, exercer o seu conteúdo com bastante êxito.
Carol (liderada por Eikichi Yazawa), RC Succession e Funny Company são alguns dos nomes que, em seguida, ajudaram a consolidar o cenário. Assim, evoluíram bastante até a década seguinte, quando houve um verdadeiro "boom" com a excursão de algumas bandas.
Popularmente chamado de J-Rock ("ジェイ・ロック" ou simplesmente "Japanese Rock" "日本のロック"), a vertente finalmente se estabeleceu como algo que os anos 80 mostrariam com mais intensidade (distante das até então duas últimas décadas influenciadas por bandas do lado Folk americano, por exemplo).
O Kiss (com suas máscaras e a temática semelhante ao teatro Kabuki) fez com que muitos adorassem rapidamente o seu estilo, e claro, o Deep Purple, com a primeira "veia" pesada, trouxe novos horizontes por ali, culminando no que então temos atualmente.
Capítulo 02 - Meninas fofinhas e uma vontade de fazer Rock… mas, e o Rock?
Sakura Gakuin é um grupo formado por 12 meninas e tem um conceito bastante interessante: troca de formação com as integrantes sendo transferidas conforme vão graduando. Assim, é um grupo de garotas cursando até o ensino secundário e depois tendo sua "transferência".
Tudo isso é gerido pela grande agência de talentos chamada Amuse (uma empresa especializada em produzir carreiras, bem como programas de TV e outras mídias), tendo foco em formar o máximo de artistas possíveis e também criar grupos e subgrupos de variados gêneros.
Em 2010, durante a primeira apresentação do grupo (no evento chamado "Sakura Gakuin Festival☆2010"), alguns subgrupos como Minipati, Sleepiece e Scoopers se apresentaram, chamando a atenção dos presentes. Mas um em especial viria a se tornar o grande trunfo da empresa até então.
Seus estilos visuais e líricos eram formados através do que chamamos de uma mistura entre o Rock e o Idol (formando o que viria a ser chamado de Kawaii Metal, a mescla de meninas da vertente Idol Pop com o Metal). Assim, formou-se também a Babymetal.
Capítulo 03 - A explosão de um trio de crianças… Agora, sim, o Rock finalmente chegou!
Suzuka Nakamoto era uma das integrantes do grupo abordado anteriormente. Meses depois, Yui Mizuno e Moa Kikuchi também integraram o projeto, e assim, foi lançado em 2011 o primeiro single independente como Babymetal, intitulado "Doki Doki Morning", com um vídeo bastante comentado na época (lembrando que nenhuma das integrantes estava fora do Sakura Gakuin naquele instante, porém, suas atividades estavam começando a chamar atenção) e em pouco tempo tiveram que se dedicar exclusivamente a isso.
Enquanto tudo isso ocorria, o novo single "Head Bangya!!" (primeiro como solo lançado pelo grupo) foi disponibilizado, ganhando ainda mais fama ("Babymetal × Kiba of Akiba" também fez parte anteriormente, ambas vindas em um Split com o grupo Kiba of Akiba).
Já em janeiro de 2013, a Babymetal fez de "Ijime, Dame, Zettai" o seu primeiro lançamento oficial inteiramente sob o nome que carregava, consolidando-se ainda mais com "Megitsune", ambos adentrando entre os 10 mais vendidos durante a semana de lançamento, de acordo com a Oricon, e entre os 20, de acordo com a Billboard Japan.
Em 2014, o debut tão aguardado surge com as faixas já citadas e outras também interessantes, rendendo um lugar bastante generoso na Billboard 200 (batendo recordes de vendas e cópias lançadas).
Capítulo 04 - Gimme Chocolate e uma influência inimaginável!
Passados os primeiros anos de sucesso, o trio se solidificou cada vez mais e, através do apoio da "Kami-Band" (grupo de músicos contratados para fazerem seus álbuns e shows), rendeu alguns luxos, como participações em shows com seus ídolos, tais como Metallica (de quem ambas se declaram fãs absolutas) e Rob Halford, entre muitos outros nomes, além de terem oportunidades de trabalho em estúdio com músicos como Sam Totman e Herman Li, que co-produziram a faixa "Road of Resistance".
A influência que essas meninas forneceram ao metal japonês foi tamanha que vários grupos começaram a surgir, sempre com a premissa de tentarem a mesma fórmula através de suas agências.
Seu ponto alto é certamente encontrado durante suas performances de coreografia, rendendo um bom divertimento para a plateia e boa parte do público. Afinal, estamos falando de um grupo que atinge todos os tipos de classes. Assim, singles como "Karate" (de seu segundo álbum, "Metal Resistance", de 2016) repetiram a fórmula viciante de "Gimme Chocolate", o vídeo mais acessado delas no YouTube.
Indo para 2019, temos o terceiro álbum, o mais maduro e menos experimental "Metal Galaxy", tendo participações de músicos como Alissa White-Gluz em "Distortion", a primeira faixa a ser liberada para o público, e "Pa Pa Ya!" com o F.Hero (sendo essa também um marco na carreira delas).
Vale ressaltar que, por conta de divergências contratuais (entre outros assuntos), este foi o primeiro trabalho sem a participação de YuiMetal.
Capítulo 05 - O presente novamente mostrando que elas não sairão tão cedo dos holofotes!
Seu mais recente trabalho atende pelo nome de "The Other One" (lançado em março de 2023) e apresenta um grupo ainda mais diferente, rumando para um caminho que pode surpreender ainda mais, porém, com sua já conhecida essência e claro, seguindo a maturidade das integrantes que já não carregam mais a imagem de crianças.
Há cerca de 1 mês, uma grande parceria envolvendo o grupo com os músicos da banda Electric Cowboy vem chamando atenção, pois o vídeo do ótimo single "Ratatata" já ultrapassou (até este momento) mais de 10 milhões de views só no YouTube, provando a sua importância e firmamento em um cenário que parecia estagnado até sua chegada… Mas só parecia!
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