Comemorar o aniversário curtindo o show de sua banda predileta não tem preço!
E foi exatamente isso que aconteceu comigo em 2015, durante a turnê mundial que celebrou os 40 anos do KISS, iniciada em 23/06/2014 (93 datas), com o DEF LEPPARD sendo headliner nas primeiras 42 apresentações.
Ao saber das intenções da banda para os concertos na América do Sul, comecei a me organizar para essa aventura. Planifiquei o itinerário, botei a mochila nas costas nos moldes de um típico “backpacker” e caí na estrada.
Devido às datas apertadas no sul do país, decidi visitar os locais dos shows previamente para poupar tempo (já tinha os ingressos em mãos e evitar as dores de cabeça de uma rota traçada era imprescindível).
Do terminal de ônibus Tietê – SP, iniciei minha 5ª KISS Tour, rumo à Curitiba – PR, onde visitei a “Pedreira Paulo Leminski” no intuito de me familiarizar com o trajeto do show no dia 21/04.
Próxima parada: Florianópolis – SC. A intenção foi a mesma...tomar ciência dos potenciais perrengues do dia 20/04 no “Devassa On Stage” e garantir uma passagem de ônibus até Montevidéu, Uruguai.
E como parte dos imprevistos, frequentes em mochilagens como essa, fui informado da impossibilidade de chegar ao Uruguai, por via terrestre, a partir de Santa Catarina. Sem titubear, tomei um ônibus até Porto Alegre – RS e, então, decidi-me por uma rota alternativa. Naquela noite sairia um ônibus que seria um divisor de águas nesta tour - rumo ao extremo sul do país, na cidade de Chuí.
Ao desembarcar naquela manhã nublada, cruzei a fronteira uruguaia a pé até a rodoviária local onde comprei uma passagem para Montevidéu, dando continuidade aos planos rascunhados no Brasil. Os trâmites internacionais foram absolutamente os mesmos com relação à localização do evento, porém, ainda não tinha os ingressos em mãos; tomei um táxi até o “Tienda Inglesa” e o problema foi sanado.
Depois de “turistar” um pouco, viajei até Colônia Del Sacramento onde um buquebus me levou até Buenos Aires, Argentina.
De manhãzinha, ao atracar em Puerto Madero, segui caminhando por alguns quilômetros até o O’rei (um hotel boca-de-porco dos anos 40 que me hospedei algumas vezes, a duas quadras do Obelisco, no centro da cidade) – minha primeira noite em uma cama desde que saí de casa.
Agenda do dia: Comprar ingresso e fazer alguns contatos, entre eles Agustin Zacaria – um velho amigo de La Plata e kissero convicto.
No dia seguinte fomos até o estádio Veles Sarsfield, em Liniers, onde assisti o primeiro concerto desta celebração de 4 décadas do KISS, com 28.000 aficionados pela banda. Nesta noite dormi em um hostel central e, com as energias repostas, retornei para o Uruguai no dia seguinte, 17.
O dia 18/04/2015 começou com uma dose a mais de entusiasmo, afinal de contas não é todo aniversário que podemos comemorar assistindo um show ao vivo do KISS.
Chegando em montevidéu (ingresso e localização checados na semana anterior), me apressei para chegar ao “Gran Parque Central”. Após uma volta no estádio para tentar registrar algum detalhe inusitado, notei que pouquíssimas pessoas circulavam nos arredores até que encontrei o portão de acesso correspondente ao meu ticket.
Correria total na abertura dos portões e, na área destinada aos fotógrafos, cruzei com meu querido e finado amigo Luís Simmons devidamente credenciado e que registrou alguns momentos meus na grade VIP.
Em uma noite de sábado completamente clara e sem vento, a banda de abertura SUBWAY tentou aquecer o público, mas teve um retorno extremamente apático por parte dos 7.000 presentes no show, promovido por “Fenix Entertainment Group”.
No intervalo, enquanto os roadies desmontavam o backline e posicionavam a cortina negra/logotipo prata do KISS, podia-se ouvir AEROSMITH, NIRVANA, FOO FIGHTERS, entre outros. O frio na espinha começou com os primeiros acordes de “Rock and Roll”, do LED ZEPPELIN – pontualmente às 21 hs - prenúncio do início do show e que fez o público vibrar por duas horas com a formação atual, composta por Eric Singer e Tommy Thayer.
SET-LIST
Detroit Rock City
Creatures Of The Night
Psycho Circus
I Love It Loud
War Machine
Do You Love Me?
Deuce
Hell Or Hallelujah
Calling Dr. Love
Lick It Up
God Of Thunder
Hide Your Heart
Love Gun
Black Diamond
ENCORE:
Shout It Out Loud
I Was Made For Loving You
Rock And Roll All Nite
Depois deste presente de aniversário, hora de caminhar umas quadras até a rodoviária de Montevidéu, aguardar o nascer do sol e seguir via terrestre até o próximo show, já no Brasil.
Jorge Andrés - um fã argentino do KISS - tornou-se meu amigo neste episódio, quando me viu com uma camiseta da banda no embarque até Florianópolis – SC. Originalmente, a ideia era dormir no ônibus e locar um guarda-volumes para minha mochila, antes de prosseguir até o “Devassa On Stage”. Porém, 20 horas de viagem depois, Andrés me disse que tinha uma reserva de hotel e me presentearia com uma estadia, talvez pela companhia e suporte em território brasileiro.
Perfeito! Não só pude guardar minha bagagem como também obtive tempo para uma soneca, antes de racharmos um táxi até o evento.
Se eu pudesse riscar do mapa um show do KISS que já vi, com certeza esse levaria um chute no traseiro: Muito distante da área metropolitana e com um público devagar, pra não dizer outra coisa.
Jorge Andrés que o diga, quando se uniu a outros fãs argentinos, sendo imediatamente neutralizado, na tentativa de provocar uma “onda” para chegar o mais perto possível do palco – prática “mortalmente” comum nos shows argentinos; e digo isso por experiência própria.
Show indoor atípico e a ausência de uma infraestrutura pós-show, com relação à meios de transporte, foi inexistente. Duas horas caminhando em estradas sem iluminação, chuva, até avistar um pequeno terminal e aguardar a saída do primeiro ônibus matinal para a região onde havíamos deixado nossas mochilas.
Mais cinco horas de estrada e a vez foi de Curitiba – PR, onde o KISS se apresentaria na “Pedreira Paulo Leminski”, local com uma excelente acústica natural (e chuva também!).
Retornei para São Paulo e fiquei uns dias na casa de minha namorada até a realização do “Monsters Of Rock”, onde o KISS finalizaria com maestria o festival e, consequentemente, meu último show desta grandiosa turnê.
Relato de Marcel Eisen Colecionador
Nenhum comentário:
Postar um comentário