Se você, amigo(a) leitor(a), faz parte do magnífico universo do Rock/Metal, é obrigatório ir a pelo menos um festival na vida e ficar na pista, bem em frente ao palco, onde a "loucura" acontece. Você só tem duas opções: ou pula e agita, ou deixa a multidão te levar. Você precisa viver essa experiência para sentir a energia do Rock n’ Roll. Foi o que senti ao ver bandas que fizeram história na música pesada.
Até 2005, eu já tinha ido a muitos shows, mas praticamente todos nacionais, sendo o mais marcante o do Angra na associação em Taubaté em 1999, época em que a banda contava com sua melhor formação, com o saudoso Maestro André Matos nos vocais. Podemos falar desse show numa próxima ocasião. Apesar do Angra ser uma banda de nível internacional, quando você vai a um evento com várias bandas, tanto nacionais quanto internacionais, meu amigo(a), a pegada é outra.
O mais doido de tudo isso é que fui sozinho, sem ninguém "da minha quebrada". O pessoal não se interessou em ir, perdendo um dos festivais de Rock/Metal mais legais que já teve no Brasil. O ônibus que saiu de Taubaté foi organizado pelo lendário Elias Kobra (que hoje ainda continua no ramo de excursões). Foi a primeira grande excursão organizada por ele, quem diria?
Ao chegar no Canindé, já fiquei "assustado" com a multidão de Headbangers. Eu nunca tinha visto tantos Bangers juntos em um mesmo local e nem acreditava que tanta gente caberia lá dentro. O Line Up do Live 'n' Louder foi incrível e começou com a excelente banda Brazuca Tuatha de Danann, mandando seu Metal com influências de música Celta. Logo depois, veio o Dr. Sin com seu Hard/Heavy cheio de energia. Eu não acreditava no que estava vendo, as bandas nacionais a nível internacional. Até que ouvi um sujeito atrás de mim gritando: Destruction!!!
Nessa altura do campeonato, eu já estava bem próximo da grade do palco. O show do Destruction foi incrível, mesmo não conhecendo nenhuma música. A bateria era uma metralhadora. Porém, a maior surpresa ainda estava por vir. Eu nunca tinha ouvido Rage na minha vida, mas quando reparei no baterista, falei para o único colega de Pinda que estava comigo: - Mano, é o Mike Terrana na batera. Eu já conhecia o Terrana e não sabia que ele era do Rage (em 2005, a internet ainda estava engatinhando no Brasil, as informações não eram tão fáceis como hoje). O guitarrista do Rage parecia a encarnação de Eddie Van Halen. A performance de Victor Smolski era de tirar o fôlego. Até hoje, lembro do solo de bateria do Mike Terrana e do guitarrista que mandou um Van Halen no meio de sua apresentação solo.
O Line Up do Live 'n' Louder era para nenhum Rocker reclamar. Lembro dos “vampiros à luz do dia” do 69 Eyes, uma banda que eu nunca havia ouvido falar, comentei com o meu amigo conterrâneo: - Cara! Os caras do Nightwish estão lá em cima do palco assistindo ao show do 69 Eyes! E estavam mesmo… Era interessante ver uma banda grande prestigiando a outra, quem sabe por serem do mesmo país.
Em seguida, vi uma das maiores apresentações de uma banda nacional da minha vida. O Shaman estava no auge em 2005. O Maestro André Matos comandou uma sonzera atrás da outra e lembro até hoje dele dizendo: - Nunca antes, em um festival, uma banda nacional foi tão valorizada como nesse! As bandas nacionais geralmente tocam antes das internacionais, mas nessa época o Shaman estava muito forte. Então, depois deles, vieram as duas atrações principais.
O Nightwish foi uma banda que fez história no Brasil. Eu me lembro quando eles apareceram no "Jornal Hoje" da Rede Globo, quem diria? Algo raríssimo de acontecer, mas o Nightwish conseguiu tal proeza. O número de fãs no Brasil era imenso, por isso teve a reportagem da Globo, e eu era um deles. Para mim, o auge da banda foi com Tarja Turunen, mesmo gostando das outras fases. Entretanto, era nítido no palco que a banda estava “desgastada”. O show deles no Live 'n' Louder foi um dos últimos com Tarja Turunen. Mesmo assim, o show foi ótimo. Era uma sensação incrível ver uma multidão de meninas adolescentes cantando músicas de Heavy Metal, algo que hoje está se tornando raridade.
Nessa altura do campeonato, eu estava exausto e nem aguentava mais ficar em pé. Já era por volta das 23:00, quando umas luzes se acenderam e um cidadão atrás de mim gritou: - Vira essa luz pra lá, porra! Ele achava que os produtores iriam ouvi-lo, rs. Todo mundo próximo riu. De repente, todo mundo começou a gritar, foi quando os roadies trouxeram dois escorpiões gigantes e colocaram cada um deles do lado do palco. E todo mundo começou a gritar: Scorpions!!!!
Eu era fã de muitas bandas que estavam no festival, como Shaman, Nightwish, entre outras, mas fui mesmo por causa do Scorpions e pude presenciar um dos maiores espetáculos da Terra em termos de Rock n’ Roll. Nesse festival, vi de perto O PODER DO CLASSIC ROCK. A pegada do show do Scorpions era outra. Amigo(a) leitor(a), se você for fazer uma análise musical mais “crítica”, havia outras bandas no festival com mais técnica musical que os Scorpions. Apesar de técnica não ser o mais importante no meio artístico, principalmente no Rock, você entende o que quero dizer, né, leitor(a)?
O nível das bandas do festival era altíssimo, mas os Scorpions ajudaram a criar o Hard Rock e o Heavy Metal. É totalmente diferente ver uma banda da “velha guarda” no palco. Na época, eles estavam por volta dos 50 e poucos anos, então a energia era algo surreal. Em 2019, vi outro show dos Scorpions e já eram nítidos os sinais de desgaste. O show foi bom, mas nada igual ao de 2005. Na época, eles estavam na turnê de "Unbreakable" (2004), um grandioso álbum que trouxe o Scorpions de volta às origens do Hard/Heavy. O show foi uma pauleira atrás da outra, pelo que me lembro, eles só tocaram 3 baladas, que fizeram o estádio inteiro cantar. O baterista James Kottak (que Deus o tenha) foi mirabolante, mas a tríade de ferro mesmo do Hard Rock era Klaus Meine, Rudolf Schenker e Matthias Jabs. Está para existir nessa terra uma performance mais doida do que a desses três. Nesse show, pude sentir como e por que uma banda se torna CLÁSSICA.
Lembro até hoje da resenha da revista Roadie Crew: “Scorpions, o melhor vem sempre no final”. Para mim, foi a sensação de um sonho realizado, amigo(a) leitor(a), pois eu assistia muitas cenas do Rock in Rio 1985 e sempre falava: - O Queen não tem como mais ver, e eu ficava doido quando via as cenas do show do Scorpions no festival de 1985, da multidão cantando "Rock You Like a Hurricane", e eu sempre pensava: - Poxa, como eu queria estar lá cantando "Hurricane" junto com Klaus Meine. Pois é, meu caro amigo(a), em 2005, o sonho se realizou.
A grana para o ingresso só consegui porque fiz um show com a minha banda e a prefeitura pagou um valor a mais do que o esperado. Cumpri o que estava no contrato, paguei todos (pois eu que havia armado o show, então era minha responsabilidade) os caras da banda, conforme o combinado, e com o resto do dinheiro comprei o ingresso para o show. Uma grana que eu nem estava contando, já estava desanimado de ir ao show, pois ninguém tinha se interessado em ir. Mas aí caiu esse dinheiro “do céu” e eu tinha que estar lá no Canindé para poder cantar "Rock You Like a Hurricane" junto com Klaus Meine.
Ahhh que relato maravilhosoooo.....Sonho realizado também em 2020....demorouuuu...mas foi...kkk
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