Diretamente de Belém do Pará, a Inferno Nuclear lança Amazônia em Chamas, um disco que une peso, identidade e crítica social. O trabalho não apenas reafirma a força do metal nacional, mas também traz reflexões urgentes sobre a realidade amazônica e os dilemas humanos.
A abertura com “Ritual” cria uma atmosfera climática e introspectiva, marcada por sons que remetem à floresta. É uma introdução envolvente, que desperta curiosidade e prepara o terreno para a intensidade que segue.
Na sequência, “Matinta Pereira” chega com riffs densos e cheios de aura thrash, mesclando a tradição do metal nacional com influências da Bay Area. O destaque vai para o solo de baixo aos 1:28, que incorpora uma pegada regional, acrescentando personalidade à faixa. A letra mergulha no folclore amazônico ao retratar a figura mítica da Matinta Pereira, fortalecendo ainda mais a conexão da banda com suas raízes.
“Inferno Nuclear” é direta e agressiva. Logo na abertura, a pergunta “O que vale a vida? Se a regra do jogo é matar?” sintetiza a crítica da faixa, que aborda a disputa de poder e a autodestruição da humanidade.
Em “Insensatez Humana”, a velocidade e a dinâmica instrumental se unem ao vocal visceral para retratar o ódio e a arrogância que conduzem a guerras e tragédias. A participação de Diego Nogueira acrescenta ainda mais intensidade ao resultado final.
A faixa-título, “Amazônia em Chamas”, carrega um dos momentos mais marcantes do álbum. Com riffs que transmitem revolta, a letra denuncia o desmatamento, a violência contra povos indígenas e a devastação de um dos maiores patrimônios naturais do planeta. É aqui que a banda expõe sua consciência crítica de forma contundente.
“Falsos Profetas” se destaca pela agressividade e pelo recado direto contra líderes religiosos que exploram a fé. A participação de Andressa Castelhano traz um contraste vocal poderoso, reforçado pelo apoio de Thiago Bezerra, que também aparece em outras faixas. O resultado é uma canção ríspida e memorável.
“Antirracista” é curta, objetiva e carregada de energia, com um coro que convida à união. Na sequência, a instrumental “Grito de Protesto” mistura elementos abrasileirados com thrash metal, mostrando a versatilidade da banda.
O encerramento com “Doença Social” fecha o disco em tom reflexivo, abordando solidão, depressão e a ausência de apoio do Estado diante desses problemas. Uma conclusão melancólica, mas coerente com a proposta do álbum.
No todo, Amazônia em Chamas é um trabalho sólido, acima da média, que equilibra peso, técnica e conteúdo. O Inferno Nuclear demonstra maturidade artística ao unir thrash metal com identidade regional e letras de forte posicionamento. Um disco que reafirma o orgulho do metal nacional e merece atenção tanto pela música quanto pela mensagem.
Formação – Inferno Nuclear
Wellington Freitas – Vocal
Leonardo Gracia – Guitarra
Leandro Kronnos – Baixo
Marcos Luz – Bateria
Por : Fabrício de Castilho
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