Desde o lançamento de Seasons of the Black, em 2017, o Rage retomou uma das características mais marcantes de sua discografia: as composições divididas em múltiplas partes, tocadas em sequência como se fossem atos de uma mesma história. Essa abordagem épica se tornou uma assinatura da banda ao longo dos anos, reforçando sua criatividade e ambição artística.
A primeira incursão do Rage nesse tipo de estrutura aconteceu em 1998, com o álbum XIII. A faixa “Chances” foi desdobrada em três segmentos: “Sign of Heaven”, “Incomplete” e “Turn the Page”, apresentando ao público um novo formato de narrativa musical.
Três anos depois, em Welcome to the Other Side (2001), a banda, já contando com a genialidade de Victor Smolski na guitarra, mergulhou ainda mais fundo nesse estilo com a poderosa “Tribute to Dishonour”. A composição é dividida em quatro partes: “R.I.P.” (Pt. 1), “One More Time” (Pt. 2), “Requiem” (instrumental, Pt. 3) e “I’m Crucified” (Pt. 4), formando uma verdadeira ópera metálica.
O clássico Soundchaser, lançado em 2003, trouxe outro exemplo notável: a saga “Falling from Grace”, composta por “Wake the Nightmares” (Parte 1) e “Death is on Its Way” (Parte 2), reafirmando o talento da banda para construir narrativas densas e impactantes.
Em 2006, o Rage se uniu à Lingua Mortis Orchestra para criar o monumental Speak of the Dead. O destaque vai para a suíte “Suite Lingua Mortis”, dividida em oito partes que mesclam peso e orquestrações: “Morituri Te Salutant” (instrumental), “Prelude of Souls” (instrumental), “Innocent”, “Depression” (instrumental), “No Regrets”, “Confusion” (instrumental), “Black” (instrumental) e “Beauty”.
Quatro anos depois, em 2010, o álbum Strings to a Web trouxe mais uma obra multifacetada: a faixa “Empty Hollow”, composta por cinco partes interligadas: “Empty Hollow”, “Strings to a Web”, “Fatal Grace”, “Connected” e “Empty Hollow (Reprise)”.
Por fim, o já citado Seasons of the Black (2017) deu continuidade a essa tradição com a intensa “The Tragedy of Man”, dividida em quatro movimentos: “Gaia”, “Justify”, “Bloodshed in Paradise” e “Farewell”.
Ao longo de décadas, o Rage não apenas se manteve relevante, mas também continuou a desafiar os limites do heavy metal com composições complexas e envolventes. Seus “mini épicos” em forma de faixas divididas são verdadeiros marcos de criatividade dentro do gênero — e motivo de celebração entre fãs que apreciam músicas que contam histórias de forma grandiosa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário